segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Socialismo e Cristianismo

Falando sobre a fascinação que o socialismo marxista exerce em alguns católicos, jovens e velhos, ingênuos ou maliciosos. À primeira vista, aqui reside um mistério. Vejo homens que se apresentam como adversários do marxismo, mas que conferem todavia à doutrina ou àqueles que a professam a posição privilegiada de ponto de referência. Nada escrevem, nada fazem, nada iniciam sem antes se perguntar em que posição se situa seus pensamentos e atos em relação ao socialismo e aos adeptos de sua ortodoxia. Parece que sua preocupação dominante é sublinhar as semelhanças (e por vezes as diferenças) de atitudes diante das questões sociais e políticas.
Seria vão dizer que isso é tática e manobra. Não se ocupa os postos elevados dum partido, contando somente com o apoio deste mesmo partido. Um partido só tem sentido em relação aos demais partidos. Para triunfar, o acordo tácito dos adversários é quase sempre necessário. A longa experiência dos governos de coalizão é prova inconteste disso. Alça-se num átimo um indivíduo obscuro aos primeiros postos, não por nele confiarem seus partidários, mas sob a pressão oblíqua dos opositores. Assim vê-se, na multidão que sitia a entrada do guichê, correntes adversas conduzirem rapidamente o hábil aproveitador em direção ao alvo. Os demais ficam de mãos abanando. Para ele, basta se esgueirar até o ponto de tangência dos movimentos contrários. É um método bem conhecido hoje em dia, com resultados comprovados. Uma pessoa tem em vista menos “os seus” que “os outros”. Eis o abc do que denominamos política.
No entanto, esta é uma explicação curta demais. Atualmente, o político há-de ter como bagagem um mínimo de “idéias” e de “filosofia”, uma weltanschauung, no dizer dos alemães, uma visão do mundo e da sociedade. É algo que pareceria ridículo a nossos ancestrais. Por exemplo, um Rechelieu ou um Henrique IV não possuíam nem sistema nem doutrina. Era-lhes suficiente o sólido bom senso, o sentido do concreto e dos fatos, o prazer em servir, a aptidão para o comando e a intuição do bem. Hoje não é mais assim. O político considera mais a opinião dos eleitores sobre os fatos que os fatos em si mesmos. Não procura saber se as opiniões são verdadeiras ou falsas, razoáveis ou loucas, justas ou injustas. Para ele, é obrigação inelutável curvar-se a isso, sob a pena de desaparecer do cenário político. Ora, a opinião é essencialmente cambiante, móvel, incerta. Ontem, quem era pela guerra, hoje é pela paz, ou vice-versa. Para trabalhar com segurança neste fluído complexo, é preciso solidificá-lo. Os sistemas e as modernas doutrinas políticas desempenham esse papel de rolo compressor. Cabe-lhes comunicar aos homens uma ortodoxia, um conjunto de idéias invariáveis, capazes de resistir aos desmentidos da experiência, na medida do possível. A posição do político encontra-se consolidada. Tem seus fiéis, sua “Igreja”, seu “credo”, seus “dogmas”. Em tal ambiente, a política tende a se tornar religião, sistema teológico da vida social e, em certos casos privilegiados, crença “mística” inabalável.

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